O Ministério da Saúde, em 2014, ampliou o Calendário Nacional de Vacinação com a introdução da vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano (HPV) no SUS. Segundo o órgão, a vacinação, conjuntamente com ações para o rastreamento, possibilitará a prevenção de doenças como do câncer do colo do útero, que representa a quarta principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil.
No final de 2020, a OMS lançou um desafio global de retirar da agenda de doença prevalente o câncer de colo de útero, uma vez que o agente causal (HPV) é conhecido, existe prevenção para a doença e se, detectada precocemente, as chances de cura são promissoras.
Convidamos a médica Alergista e Imunologista pediátrica, Dra. Alane Beatriz Uetanabara Piai, titulada pela ASBAI, docente da faculdade de medicina Unimar, para esclarecer as principais questões em relação a vacinação. “A vacina contra o HPV é muito segura e eficaz, além do câncer de colo, reto e pênis, outras formas da infecção contra o papiloma vírus podem ser evitadas, como condilomas, papiloma de laringe entre outras infecções.”
Segundo a médica, muitos adolescentes e adultos com vida sexual ativa não se preocupam com vacinas e desconhecem o benefício dela. “A prevenção ainda é uma arma muito importante principalmente quando falamos em prevenir câncer.” Confira abaixo a entrevista completa.
O que é a vacina da HPV e como ela funciona?
Dra Alane: De maneira simplificada a vacina contra o HPV contém proteínas semelhantes ao vírus, porém sem o poder de infectar ou se reproduzir nas células. Uma vez em nosso organismo, essas proteínas estimulam a produção de anticorpos capazes de nos proteger contra a infecção pelo papilomavirus humano.
Depois da Covid-19, questões em torno do uso de vacina ganharam mais atenção do público, gerando questionamentos e fazendo-os buscar cada vez mais esclarecimentos sobre a importância de se vacinar. Quem é o público-alvo da vacina? Qual a melhor fase para tomar a vacina e por quê?
Dra Alane: Sabemos que o Câncer de colo de útero é mais prevalente que um câncer de reto ou pênis, logo o público-alvo é a pré-adolescente e a mulher, porém seus companheiros podem transmitir o HPV as suas parceiras, por esse motivo essa vacina é indicada para meninos e homens também. A vacina contra o HPV deve ser realizada antes de se começar a vida sexual, por esse motivo iniciamos na prevenção com nove anos de idade, meninos e meninas, podendo ser aplicada até 45 anos.
A vacina pode provocar reações adversas? Quais são elas?
Dra Alane: É uma vacina muito segura, o efeito colateral mais comum é dor local.
Existe alguma contraindicação nas condições de saúde que impeça a pessoa ser elegível para a vacina?
Dra Alane: Somente as contraindicações gerais, ou seja, paciente em tratamento com imunossupressor, quimioterapia, uso de corticoide sistêmico em doses imunossupressoras, e na vigência de infecção aguda grave. Mulheres grávidas também não devem receber a vacina, assim como se houver alergia a algum componente da fórmula.
Existe algum mito ou tabu em relação a vacina da HPV que você gostaria de esclarecer?
Dra Alane: No início os pais achavam que fazer a vacina contra o HPV era uma forma de incentivar a atividade sexual precoce, hoje isso já foi superado.
Como ressaltou a médica, a prevenção é sempre a melhor opção. Quando cuidamos da nossa saúde, abrimos um horizonte para viver bem e melhor e isso se aplica aos cuidados com crianças e adolescentes. Busque informações e permita que apenas o conhecimento correto e de profissionais qualificados oriente suas ações sobre a saúde da sua família.
A vacina da HPV está disponível em clínicas particulares de vacinação além de ser oferecida gratuitamente pelo SUS. Não deixe o preconceito guiar suas atitudes. Previna-se.